Primeiro é necessário saber distinguir um aquário de plantas de um plantado!
Colocar plantas num aquário é fácil e cada um pode fazê-lo, basta espalhá-las pelo aquário sem qualquer critério de tamanho, crescimento, textura... etc. Acaba por ter uma única finalidade, dar alguma cor ao aquário (verde) e tentar dar as melhores condições possíveis aos seus habitantes.
Um aquário plantado é bem diferente! A noção de profundidade bem como o preenchimento de espaços são fundamentais quando se cria um plantado. Todos os factores contam quando se cria o layout, mesmo não esteja ainda plantado. A disposição de pedras e/ou troncos têm de estar em harmonia, porque é em base destes materiais inertes que vamos ocupar os restantes espaços com plantas. Estes materiais podem ser usados como pontos focais, o que levará à pessoa a fixar o olhar assim que observa o aquário pela 1ª vez.
O aquário que vou usar como exemplo, serve para mostrar o outro lado do "Aquascaping". Baptizei-o de Syrah, uma pequena homenagem ao Alentejo e às nossas paisagens nacionais!
Foto da montagem e do hardscape.
Já com as plantas e cheio de água!
Com aproximadamente 50L de água e com uma área muito pequena para trabalhar, o segredo está no tamanho das pedras, tronco e as proporções que eles irão ter dentro do áqua.
Usei xistos para o efeito por serem inertes e com algum volume. Atenção que volume não é tamanho! Para que o efeito seja o mais parecido com a natureza, convém que as pedras apresentem algum relevo e não sejam lascas ou demasiado lisas. Depois de dispostas as pedras que contornam o rio (estão enterradas e em contacto com o vidro inferior) comecei a colocar algum substrato nas laterais.
O substrato convém que seja algo poroso para que os nutrientes sejam absorvidos e as raízes possam crescer sem qualquer atrofiamento. Granulado 2 a 3mm é o mais indicado para plantados, porém se o granulado for maior no que diz respeito a plantas de tapete poderá haver algum problema de fixação. A utilização de Akadama (usual terra para criação de Bonsais) começa a ser um material muito usado na comunidade de Aquapaisagistas; devido á cor (semelhante á terra), por ser uma argila porosa e por facilitar um excelente enraizamento das plantas. Acaba por ser uma excelente alternativa ás conceituadas marcas existentes no mercado.
Mas quais serão as grandes diferenças entre o normal akadama e as restantes argilas porosas da ADA, ELOS, etc; O preço praticado? Sim mas não só... Como é óbvio, as marcas desenvolveram algo mais... algo que impulsione o crescimento das plantas e que cumpra os requisitos básicos iniciais e posteriores que a akadama não fornece. Daí custarem ligeiramente um pouco mais, mas evitam assim fertilizações desnecessárias desde o 1º dia e uma fácil manutenção das plantas. Mas atenção... As marcas não fazem MILAGRES!!! Mas ajudam e muito, principalmente a evitar algumas dores de cabeça!
Uma vez que o substrato está colocado, as pedras servirão de barreira para evitar a mistura com a areia branca do rio. A areia branca serve exclusivamente para decoração, criar algum contraste com as pedras e o verde das plantas. Aí está o ponto focal...

Quando olham para o áqua 2 coisas saltam á vista, o rio e a árvore...Como a nossa visão é orientada da esquerda para a direita, há quem defenda que o ponto focal esteja posicionado a 1/3 do áqua, facilitando a "leitura" do objecto.
Neste caso e como optei por um layout triangular e de forma crescente (ESQ-DIR) a árvore deveria estar mais acima do ponto focal para um melhor acompanhamento da visão. As plantas foram escolhidas ao pormenor e como já vem sendo habitual nos meus layouts, reduzo ao máximo a mistura de espécies. Optei por Eleocharis parvula e Eleocharis aciculares para simular a relva e Vesicularia dubyana (musgo de java) para a copa da árvore.
Depois de muitas teorias e alguns comentários de pessoal habituado a plantados, de que não teria sucesso na copa da árvore, isto porque o musgo não levantaria mas sim ficaria escorrido pela árvore... aqui está a prova que a teimosia e as condições certas transformam o impossível em possível!!!
Estado mais selvagem e natural, embora o tapete não estivesse bem desenvolvido, já dava para dar um ar de sua graça.

Estado final do áqua e uma foto para recordação! Como o calor está a chegar e o musgo não suporta altas temperaturas, mais vale avançar para outro projecto e regressar ao "Syrah" assim que entrar o Outono...